Organização da montagem de um modelo em papel
A montagem dá-me gozo mas a organização dela também.

Quando decido qual o modelo que vai passar para a bancada tenho algumas tarefas de organização antes de pegar no x-ato.



1. Tradução

A primeira delas é dar a volta à língua polaca das instruções. Isto considerando que a origem dos modelos é polaca o que, no meu caso, acontece quase sempre. Muitos editores deste país, nos modelos mais recentes já colocam as instruções também em inglês. Num ou outro modelo estas podem ser descarregadas a partir dos sites dos editores, o que infelizmente é raro.

Nos forums, surge muitas vezes a questão de como dar a volta às instruções em polaco. A resposta mais frequente, é a oferta de uma lista de palavras polacas que fazem normalmente parte das instruções e a respectiva tradução. É uma ajuda mas não satisfaz plenamente. Os termos técnicos utilizados, por exemplo, numa embarcação não são os mesmos de uma aeronave ou blindado e assim a lista torna-se muito extensa.

Porque não aproveitar uma ferramenta disponível na net, o Google translate? É verdade que não está afinada e certamente levará muitos mais anos a estar, mas que dá uma grande ajuda lá isso dá.

Assim, se as instruções vem em inglês, deixo ficar ou passo para português.

Se estão em polaco, passo tudo para um doc no Word (sim tudo escrito pelo teclado pois não tenho OCR para facilitar a tarefa). Não é necessário colocar os caracteres específicos da língua polaca visto o tradutor não ter problemas com isso.

A tradução polaco -> português não resulta tão bem como a polaco -> inglês -> português. Por isso utilizo este modo de traduzir. Normalmente tenho duas janelas abertas: polaco->inglês e inglês->português.
A frase em português não está bem construída, neste caso vem já da frase em inglês, mas facilmente se obtém a informação.



2. Localização das peças

Considerem que tem um modelo com cerca de 4.000 peças, acham muito? Alguns tem mais de 10.000, e que essas peças estão em mais de 20 folhas.

Vão precisar da peça 5a, já estão a ver a situação não é? Não sei o que será mais fácil, encontrar a peça ou uma agulha num palheiro!

Como faço? Abro o Excel e crio uma folha de cálculo com tantas páginas quanto as páginas de peças que o modelo tem. Nomeio-as com a numeração das páginas do livrinho e varro de cima a baixo cada página e coloco na respectiva folha do excel as referências numa coluna e as quantidades noutra. Assim, através da opção de busca sei rapidamente a página onde está a peça, quantas tenho de cortar e a sua localização relativa na página pois como foram registadas a começar pelo topo da página se estiver, por exemplo, numa linha da folha de cálculo central sei que estará na zona central da página. Tenho também a informação da quantidade total das peças do modelo e ainda a possibilidade de colocar alguma nota sobre certa peça.

Para melhorar a informação preencho a cela correspondente à referência da peça com uma cor:

Sem cor -> peça ainda não cortada;

Amarelo -> peça cortada mas que ficou por montar por alguma razão (tá numa caixinha);

Laranja -> peça montada.

Eis aqui uma dessas folhas. É do livro do meu Kubel e como se pode ver já está quase tudo montado.


3. Guardar peças

A seguir separo e coloco cada folha de peças numa capa de plástico numerada com o número da folha que contém.
Peça? Há só uma!. E não se pode perder!!! A não ser, claro, que o modelo seja impresso por nós.



4. Localização dos esquemas

Num modelos a quantidade de esquemas de montagem pode ser de várias dezenas e sempre em várias páginas. Estar à procura de um esquema torna-se moroso. Resolvi o problema identificando na lateral de cada folha o número dos esquemas que contém. Mais uma vez para não andar a varrer toda a folha e todas as folhas quando quero seguir um esquema. Assim faço a busca pelos números e não pela confusão do número do esquema no meio dos desenhos das peças.

Nas folhas de peças a fabricar, por exemplo, arames, faço o mesmo.


5. Recolha de informação

Finalmente recolho informação e imagens para criar o texto de apresentação, ficar mais familiarizado com o original que vou replicar e se o decidir pintar, retirar ideias sobre a pintura e, onde e como aplicar a patina que vai dar a sensação de desgaste.

Considero a recolha de informação do original um aspeto muito importante pois vai permitir-me ter uma ligação muito mais afetiva com o modelo e tenho por experiência que assim o resultado final melhora significativamente.



Boas montagens

Zé Reis