Dicas para Construção de Biplanos (Modelos de Papel)
Entre os mais diversos modelos de aviões, quando expostos em um armário, invariavelmente os que chamam a atenção, são os aviões biplanos (ou mesmo triplanos), pois são assuntos que, quando bem montados atraem o olhar do espectador, além de dar extrema satisfação ao modelista quando este consegue adicionar esse tipo de item no seu aviário.
No entanto, muitos modelistas, sejam eles plastimodelistas ou papelmodelistas fogem desse tipo de avião por considerar de alta dificuldade, o alinhamento e a instalação de elementos que simulão os cabos tensores e de comando, peculiares à esse tipo de aeronave. Então este pequeno artigo, trata de alguns truques, que desenvolvi para facilitar a montagem desse tipo de modelo. Os meus aviões são feitos em papel e na escala constante 1/100, alguns desses "truques", foram pensados para modelos nesse tipo de mídia, o que não quer dizer que não possam ser utilizados em modelos de outros materiais e outras escalas. Preparação do Modelo Em geral a montagem segue o manual de instruções. No meu esquema a montagem avança com a fuselagem a asa inferior e a cauda montada, como vocês podem ver nas fotos, o trem de pouso, cabos de cauda (quando não são complexos, cabos tensores inferiores, ou seja todos os elementos que ficarão inacessíveis quando o modelo estiver imóvel no jig devem ser instalados. Jig de Colagem O Jig para quem monta biplanos, é uma ferramenta fundamental para colagem, alinhamento e instalação dos cabos de vôo, pois libera a mão do modelista, permite colagem com alinhamento rigoroso a partir de plantas ou desenhos esquemáticos, ou mesmo templates dos montantes e das asas superiores, para a colagem permite a adição de peso, sem o risco de quebrar ou empenar os montantes e as asas. Em geral o Jig é artesanal e especializado, feito especialmente para o modelo. Pode ser feito com uma variedade de materiais (madeira, isopor, depron, plástico, sucata), em geral utilizo isopor em diferentes, cortes e espessuras, para fixar o modelo no jig, em geral não uso cola para isso. Assim uso alfinetes, pinos de mapa, agulhas e outros elementos perfurantes para fixar o modelo. Os Gabaritos e suportes são feitos de papel cartão e sucatas diversas. Em alguns casos imprimo uma planta na escala do modelo para verificar o alinhamento correto. As fotos mostram diversos jigs em modelos bem variados, o que dá uma idéia da versatibilidade da ferramenta. Montantes e outros Acessórios Os montantes são uma parte fundamental na confecção desse tipo de modelo como já falamos. Eles são divididos em três categorias: cabana central - em geral são os pequenos suportes que unem a fuselagem a asa superior - montantes de asa - são os suportes que unem asa inferior e superior e os montantes de braceamento - que em geral são elementos que impedem asas de se dobrarem, são mais comuns em aviões de lay out intermediário (monoplanos do início dos anos 30, como o Curtiss A-12 e o Breda 27) e muito presentes como suportes de estabilizadores e lemes. Clássico caça norte-americano Boeing P-26 Peashooter de 1932, um belo exemplo desse "híbrido" de tecnologia. Os montantes centrais do DVII são fios ortodônticos... 1º Cabana central - Fuselagem 2º Asa Superior ou segmento (dependendo do tipo de modelo) - Cabana Central 3º Montantes de Asa - Asa Inferior e Superior Montagem da cabana... Montante de asas Algumas dicas importantes: A colagem nas asas e fuselagem dessas peças em geral devem ser feitas com cola de cianocrilato de preferência em gel; As peças que compõem os montantes podem ser "dopadas" também com cianocrilato para ficarem rígidas; Elas podem ser pintadas, ou então se ficaram brilhantes por conta do dope da cola quando o trabalho finalizado pode ser aplicada uma capa de verniz fosco ou semi-brilho em spray; Peças como montantes de braçeamento que são tubos, podem ser substituídas por pedaços de clipes ou amarrilho ortodôntico rígido, no diâmetro adequado, essas peças devem ser pintadas quando for o caso; Pontos de solda ou carenagens aerodinâmicas das bases dos montantes podem ser simuladas com sucessivas aplicações de cola branca PVA sem diluição que depois de secas devem ser pintadas. Sempre ter a mão boa documentação do assunto a ser modelado, principalmente bons desenhos esquemáticos, para verificar o ângulo de alinhamento dos montantes em relação as asas e fuselagem, uma dica interessante é produzir um template ou em 90º ou ângulo de alinhamento entre uma asa e outra dos montantes para impedir deformações na hora da colagem. No jig pode ser colada a planta para verificar o posicionamento das asas e dos montantes para a colagem, essa dica é útil quando o modelo está sendo construído através de scratchbuilding. Os cabos: Embora em outras partes desse artigo já mencionamos a instalação destes elementos tão importantes, porém não os descrevemos detalhadamente. Um avião dessa natureza, dependendo da escala sem os cabos de comando, vôo e sustentação, é praticamente como um cachorro quente sem salsicha. No entanto dependendo da escala, o acabamento fica muito difícil a montagem desses elementos, se o material para reproduzir esses cabos é escolhido errado. Detalhes Adicionais. Em geral são itens que podemos adicionar a mais no modelo como atuadores, mangueiras ou tubulação de combustível, melhor detalhamento de motores, por exemplo no caso de hidro-aviões podem ser cavaletes para repouso do modelo, escadas, plaquinhas de identificação do assunto a ser modelado. Tudo depende da escala, da vontade e da imaginação do modelista, além claro de boa documentação sobre o assunto que está sendo modelado. Mangueira de combustível... Exemplo de pintura e detalhamento da hélice... Parte inferior do Ca 3 mostrando detalhes adicionados como protetor do da asa... Melhora do cubo da hélice do SBC-4... Curtiss SBC-4 Helldiver Aviatik DI Beech D17 Staggerwing Caproni Ca 3 Fairey IIIF "Santa Cruz" FIAT CR 42 Fokker DVII Gloster Gauntlet Curtiss Hawk II Nieuport 24 Nieuport 24 Italian Air Force Korozawa Ko 3 (Nie 24 construído sob licença no Japão nos anos 20) Nieuport 17 Siemens R1 Bleriot SPAD S61C1 Apesar de ser uma montagem trabalhosa, independente do tipo de mídia, quando um modelo é finalizado e bem feito enche de prazer o modelista e provoca admiração de colegas e amigos, o que vale para compensar o esforço. Até a próxima.
Péricles Gomide Filho
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