Lockheed T-33 O Notável T-Bird - Papelmodelismo
Apresento nesse artigo, o resultado de uma maratona de montagem para o concurso da loja virtual Ecardmodels feita entre outubro e dezembro de 2009. O assunto dessa maratona era a montagem de modelos do Design Group Alpha, um prolífico grupo de desenhistas norte americanos e europeus, composto pelos amigos Rob Carleen, John Bowen e Guido Van Roy. Rob e Guido já trabalharam para a Fiddlers Green é de Rob, clássicos deste editor, como o F-80, Hunter, Sea Dart e outros modelos, além de grandes repinturas de outros do catálogo desse editor feito pelo Guido.

O Grupo DGA oferece nada mais nada menos que mais de 35 versões do clássico jato T-33 para aquisição. Atualmente esses modelos estão sendo vendidos na Ecardmodels pelo modesto e atrativo preço de US$ 2,00 a unidade e recebimento via download. Eu montei dez versões do T-33 para este concurso (que a competição era baseada na quantidade de montagens pelo competidores, o objetivo era prover a loja de fotografias de cada versão dos produtos DGA para o catálogo on line de produtos, assim eles mandavam gratuitamente um número de aviões para serem montados).

Os modelos super simples porém bem atraentes são oferecidos na escala 1/48, acho que para o tamanho são fracos, porém quando ficam reduzidos para 1/100 ficam réplicas bastante razoáveis do avião. Então este artigo, se objetiva a falar do avião em si e de cada “versão” em particular dessas primeiras dez montagens.. O T-33 é um dos mais notáveis aviões do pós-guerra como veremos na reportagem que escrevi para vocês logo abaixo e considerando o acervo montado, (imprimi mais dez versões) fora as que estou vetorizando no Corel Draw, tem muito pano para a manga. Então dividirei esse artigo em três partes, esta primeira parte trata da história do avião e uma análise de cada versão montada, os outros trarão as demais versões que montarei em lotes subsequentes. Boa leitura!



O Avião

O T-33 é um jato de treinamento avançado desenvolvido a partir do primeiro caça a jato operacional Norte-Americano, o Lockheed F-80 Shooting Star.

No começo da era do jato, uma das grandes dificuldades que apareciam com a nova tecnologia era treinar os pilotos, acostumados com trem de pouso de bequilha traseira, e todas as características peculiares do vôo com motor a pistão, assim quase todos os caças a jato de primeira geração tiveram versões de treinamento desenvolvidas tardiamente (a exceção do jato alemão Messerschimitt Me-262 Swalbe,e os russos Yakovlev Yak-17 e o Mikoyan-Gurevich MiG-9) por causa dessa necessidade.





Em geral, esses primeiros caças a jato tinham um desempenho final muito próximo dos superdesenvolvidos caças a pistão da II Guerra Mundial, porém o manejo das turbinas e sistemas, além das altas velocidades de aproximação e pouso, transformavam o negócio em uma brincadeira perigosa e as vezes fatal.

Depois de diversos acidentes operacionais com os F-80 e F-84 a USAF (Força Aérea Norte Americana), solicitou a Lockheed em 1947, que desenvolvesse uma versão de treinamento do F-80, o engenheiro chefe desta empresa, o genial Kelly Johnson simplesmente encompridou a fuselagem do F-80, colocando mais um assento e duplicando os sistemas de vôo e controles, com essa simples adaptação nasceu o T-Bird, um dos mais notáveis aviões militares da história. Inicialmente desenvolvido como uma variante do F-80 (denominada como TP-80 e posteriormente TF-80), o modelo depois de aperfeiçoado se transformou no famoso T-33.




O T-Bird fez seu primeiro vôo em 22 de março de 1948, e ficou em produção nos Estados Unidos de 1948 a 1959, foram fabricados nada mais nada menos que a quantidade espantosa de 6.557 unidades, sendo 5.691 pela Lockheed.




No auge de sua carreira o T-Bird serviu a mais de 30 forças aéreas diferentes (inclusive com a FAB), muitas nações entraram na era do jato com o T-33, tendo a distinção de passados mais de 60 anos do seu primeiro vôo ainda estar em serviço em pequenas Forças Aéreas. Nas forças armadas norte-americanas o T-33 foi usado até meados dos anos 80, servindo nos dias de gloria em todos os ramos da da USAF e sendo o principal treinador avançado do Air Trainning Command durante os anos 50 e 60. Posteriormente a USAF empregou os seus T-33 como aviões de ligação, drones, controladores de drones e RPV' s, rebocadores de alvos e alvos para teste de mísseis.




A Marinha Americana , foi outro grande operador do T-Bird, tendo versões específicas desenvolvidas para ela: o TV-1/2, treinadores terrestres e posteriormente o T2V Sea Star, desenvolvido para treino em porta-aviões em cima do airframe básico do T-33, a família TV/T2V ficou em serviço na Aviação Naval Norte-Americana dos anos 50 até meados da década de 1970.




Muito da fama de aeronave segura, longeva e confiável do T-Bird veio da enorme quantidade de operadores estrangeiros do T-33, que nas décadas de 50, 60 , 70 e 80 operaram a aeronave em todos os cantos do planeta. Muitos foram vendidos a preços muito em conta através do MAP (Military Assistence Program) para nações amigas dos Estados Unidos durante a Guerra Fria e alguns operam até hoje (como no caso da Bolívia que ainda tem T-33 modernizados pela Canadair em seu catálogo ativo).




Na América Latina foi utilizado por muitas forças áreas e usado em combate nas muitas revoluções e guerras civis que agitaram o continente no final da década de 50 até os anos 70. Um dos maiores usuários do avião foi o Brasil que operou na FAB um grande número de TF-33 e AT-33 (falaremos sobre o uso do T-33 por aqui em outra parte desta reportagem).




A OTAN também usou em suas forças o T-33 como treinador padrão, os últimos países que o utilizaram o T-Bird na Europa foram a Grécia e a Turquia no final dos anos 80.

Algumas empresas estrangeiras fabricaram o T-Bird sob licença, foi o caso da Canadair que produziu 656 unidades e da Kawazaki que no Japão construiu mais 210. As máquinas canadenses, conhecidas como CT-133 Silver Star tinham motores Rolls Royce Nene.




Nas Forças Armadas Canadenses o T-33 ficou em serviço da segunda metade da década de 50 até 2005, tendo tido uma vida de notáveis serviços, operando desde treinador avançado, passando por máquina de ligação, rebocador, bancada de testes especiais, aferidor de radares, avião acrobático, ELINT e muitos outros usos. Alguns inclusive chegaram a ser exportados quando a linha de produção norte-americana encerrou.

A Lockheed viu no T-33 um grande potencial de venda, pois o projeto tinha qualidades excelentes apesar de ser derivado de um caça de primeira geração, sua estrutura de alumínio, simplicidade de manutenção e desempenho, transformavam o pequeno jato na escolha certa para Forças Aéreas de todos os portes. Foram desenvolvidas versões de reconhecimento (com um nariz especial alojando uma câmera reflexiva) e de ataque (com instalação de trilhos para foguetes). Um premio para a equipe de Kelly Johnson é o fato de depois de seis décadas do primeiro vôo, os T-33 ainda são usados pelos Bolivianos, sua Força Aérea em 2000 contratou a empresa canadense Kelowna Flight Craft para modernizar o que restou da sua frota de CT-133 e T-33.




A própria Lockheed e a Boeing apostaram numa modernização do T-33 nos anos 80 através do projeto SkyFox, que previa a modificação e reconstrução do T-33 através de kits pré-fabricados que modificavam profundamente a estrutura do avião com novos aviônicos e dois pequenos motores turbofans. Essa Phoenix apesar de promissora teve o azar de competir com aviões novos da mesma categoria como: BAE Hawk, o Aero L-39 Albatross e o Dassault-Breguet-Dornier Alphajet, acabando não sendo exportada para nenhum país.

Hoje em dia várias dessas máquinas clássicas estão preservadas em museus pelo mundo e algumas são Monumentos, como o AT-33 que está num pedestal na BACO (Base Aérea de Canoas). Poucas estão em condições de vôo nas mãos de particulares, dado o alto custo de manutenção, porém um desses “donos” de T-33 privados chama a atenção, é o ator Michael Dorn (O klingon tenente Worf em Star Trek – A Nova Geração) que é o feliz proprietário de um CT-133.




Características Gerais:

* Tripulação: 2

* Comprimento: 11.2 m

* Envergadura: 11.5 m

* Altura: 3.3 m

* Peso Vazio: 8,300 lb (3,775 kg)

* Peso Máximo de Decolagem: 15,100 lb (6,865 kg)

* Motor: 1× Allison J33-A-35 turbojato com compressor centrífugo, 5,400 lbf (23 kN)



Performance

* Velocidade Máxima ao Nível do Mar: 600 mph (970 km/h)

* Alcance: 2,050 km

* Teto de Serviço: 48,000 ft (14,600 m)



Armamento

* Armas: 2 × 0.50 in (12.7 mm) Browning M3 metralhadoras com 350 salvas ( AT-33)

* Pontos Duros: 2 com a capacidade de 2,000 lb (907 kg) de bombas ou pods de foguetes não guiados.



O Modelo

O T-33 é design do talentoso Rob Carleen, originalmente ele desenhou esse modelo para ser um freebie (e de fato ele é encontrável para download na seção de mesmo nome do fórum Zealot) porém ele acabou indo parar como produto comercial , no tradicional editor eletrônico Fiddlers Green, como parte do kit do F-80 e só é encontrável no referido fórum. Como Rob faz parte do DGA ele tratou de oferecer o desing para repintura posteriormente apareceram para venda as diversas versões já citadas na primeira parte do artigo.

O modelo é simples, composto de poucas peças, mas por incrível que pareça não é fácil de ser montado, a seção do nariz e a montagem da fuselagem exige um certo jogo de cintura. Há a necessidade de se colocar peso no nariz (em geral coloco um pedaço de clipes de papel), a escala como foi antes mencionada é a 1/48, porém o modelo é pobre de detalhes para ser construído nesse tamanho, mas escalas menores como a 1/72, 1/100 e até mesmo 1/200 ele fica perfeito. Recomendo a aquisição, ou então o download no fórum Zealot (apesar de que ali acho que tem apenas um ou duas versões do T-33). O modelo pode ser adquirido aqui por US$ 2,50.



Lista das Versões Montadas:

1. Lockheed AT-33 - Fuerza Aerea Revolucionária de Cuba - FAR

2. Lockheed T-33 – Armee D’ Lair

3. Lockheed AT-33 – Royal Thailand Air Force – RTAF

4. Lockheed T-33 – Força Aérea Portuguesa – FAP

5. Lockheed T-33 – Fuerza Aerea Mexicana – FAM

6. Lockheed TV-2 Seastar - US Navy

7. Lockheed AT-33- Fuerza Aerea Guatematelca – FAG

8. Lockheed (Kawazaki) T-33 – Japan Self Defense Air Force – JSDF

9. Lockheed AT-33 - Fuerza Aerea Colombiana - FAC

10. Lockheed AT-33 - Tentara Nasional Indonesia Angkatan Udara - TNI-AU





1. Lockheed AT-33 da Fuerza Aérea Revolucionária de Cuba: Cuba até o final dos anos 50 era um estado fantoche dos Estados Unidos, comandado pela corrupta e dacadente ditadura de Fulgêncio Baptista, naturalmente grande quantidade de equipamento militar norte-americano foi transferido para Cuba. Em 1953 os Cubanos formaram a FAEC (Fuerza Aerea do Exercito de Cuba) que foi treinada e equipada pelos EUA, entre os aviões adquiridos estavam um esquadrão completo de jatos AT-33, os primeiros aviões a jato operados pelos Cubanos.

Com a vitória da Revolução, copioso material militar outrora pertencente ao governo de Baptista caiu nas mãos dos revolucionários, foi formada a FAR (Fuerza Aerea Revolucionaria) que operou nos seus primeiros tempos com equipamento da antiga FAEC, os T-Birds cubanos foram usados para fustigar as tropas de exilados cubanos que tentaram invadir o sul da ilha no Incidente da Baia dos Porcos em 1961.




2. Lockheed T-33 – Armee D’ Lair: Os franceses operaram de 1951 até 1981 um total de 270 T-33, sendo utilizado durante a sua longa carreira basicamente para treinamento. Alguns foram usados na Argélia quando era colônia francesa contra a guerrilha e as tribos nômades consideradas pelo regime colonial como criminosos.




3. Lockheed AT-33 – Royal Thailand Air Force – RTAF: Durante os anos 60 e 70 a Thailandia era considerada pelos estrategistas norte-americanos uma ponto estratégico, com a Guerra do Vietnã, as crescentes tensões com a China e a União Soviética, colocaram os Tailandeses como uma das nações tampão no Sudeste Asiático.

A Real Força Aérea Tailandesa recebeu um lote de AT-33 através do MAP a partir do final dos anos 50, para treinamento avançado e treinamento de artilharia, foram utilizados até a metade dos anos 80…




4. Lockheed T-33 – Força Aérea Portuguesa – FAP: Os Portugueses receberam os seus primeiros T-Birds em 1953, destinados basicamente para treinamento avançado. Portugal operou um pequeno lote de 35 aeronaves mais seis Canadair CT-133 Silverstar até 1990, alguns exemplares acumularam 65.000 horas de vôo.




5. Lockheed T-33 – Fuerza Aerea Mexicana – FAM: Como ocorreu em muitas outras forças aéreas, a FAM tece o seu debut na era do jato com o T-33, os primeiros chegaram nos anos 60 e foram utilizados como caças, posteriormente, voltaram a sua função original. Posteriormente os Mexicanos adquiriram alguns CT-133.

Na FAM o T-Bird teve uma vida muito longeva, sendo retirado de serviço há poucos anos atrás em 2006.




6. Lockheed TV-2 Seastar - US Navy: A Marinha Norte-Americana logo percebeu no T-Bird a aeronave ideal para realizar treinamento avançado, antes de realizar instrução específica nos diferentes aviões operados pela Marinha. TV-2 foram utilizados dos anos 50 aos 70…




7. Lockheed AT-33- Fuerza Aerea Guatematelca – FAG: Os T-33 da FAG foram os primeiros jatos de combate da Força Aérea deste pequeno pais da América Central, que sempre esteve sob influência dos Estados Unidos, o T-33 foi operado pela FAG em pequenas quantidades do final dos anos 50 até a metade dos anos 80.




8. Lockheed (Kawazaki) T-33 – Japan Self Defense Air Force – JSDF: O T-33 foi montado no japão durante os anos 60 servindo como instrutor avançado da Força Aérea de Autodefesa do Japão até o final dos anos 70. Ele era chamado localmente de Wakataba (Jovem Falção).

A montagem dele pela Kawazaki serviu como um dos impulsos para o renascimento da industria aeronáutica do Japão durante os anos 70 e 80.




9. Lockheed AT-33 - Fuerza Aerea Colombiana – FAC: Os Colombianos receberam os seus T-33, F-80 e CT-133 em 1954 e foram os primeiros jatos a operarem na FAC. Tiveram uma história fascinante, sendo utilizados nos ultimos 50 anos na turbulenta história da Colombia como em golpes militares e contra as guerrilhas de esquerda. Foram aposentados em 1990.




10. Lockheed AT-33 - Tentara Nasional Indonesia Angkatan Udara - TNI-AU: A Indonésia foi um dos usuários “esotéricos” do T-33. Este país era um dos que durante a guerra fria era disputado pelos blocos oriental e ocidental, então a Força Aérea Indonésia teve periodos de sovietização e ocidentalização vamos assim dizer.

OS T-Birds indonésios foram recebidos nos anos 70 num lote de 60 aeronaves, muitos eram AT-33 e foram usados no Timor e em outros conflitos que a Indonésia se meteu durante os anos 70 e início dos 80.








Em breve devem haver outras montagens do T-33 que serão expostas na segunda parte deste artigo. Até lá!



Péricles Gomide Filho